A Polícia Civil encontrou veneno de rato no sangue do educador e investiga o caso como homicídio. Ao ser questionado se havia suspeitos, o delegado à frente da investigação, Laércio Rossetto, afirmou que "há investigados".
Já a família, aponta um suposto envenenamento. Em áudios enviados a amigos, Odailton disse que o mal estar começou após tomar um suco oferecido por uma colega, com quem tinha desavenças
Segundo o delegado Rossetto, a colega que teria oferecido a bebida nega, assim como um vigilante que disse ter visto o professor tomar dois comprimidos. A direção do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 divulgou uma nota onde também nega que "algum servidor tenha oferecido qualquer líquido ao professor".
De acordo com a polícia, testemunhas disseram que havia um suco de uva em uma geladeira da escola, "mas esse suco não estava lá no dia do fato". A garrafa citada pelo professor também não foi encontrada até a última atualização desta reportagem.
Quem era o professor?
O professor Odailton Charles Albuquerque Silva foi diretor do CEF 410 por oito anos. Em 2019, ele chegou a concorrer a um novo mandato, mas perdeu.
O educador havia completado 50 anos. Ele era casado e tinha uma filha de 7 anos.
Veja o que se sabe e o que ainda falta saber sobre o caso:
- O que se sabe
- O caso é investigado como homicídio;
- O laudo da perícia confirma que o professor foi envenenado com um raticida conhecido como chumbinho;
- A substância aldicarb foi encontrada no sangue e no vômito da vítima;
- A substância aldicarb causou a morte do professor e foi ingerida dentro da escola;
- Os peritos do Instituto de Criminalística também encontraram traços de relaxante muscular nos materiais biológicos do professor. No entanto, não foram localizados traços do suco de uva;
- A direção da escola nega que algum colega tenha oferecido suco ao professor envenenado.
- O que falta saber
Odailton teve contato direto com chumbinho?
Há resquícios de veneno nas mãos do professor?
O suco de uva foi oferecido por alguém?
Onde está a garrafa mencionada por Odailton em áudio?
Por que nas roupas e no vômito do professor não há resquícios de suco de uva?
Quais os remédios ingeridos pelo professor?
Existe suspeita de irregularidades na prestação de contas da escola?
Cronologia do caso
- 30 de janeiro
Odailton Charles Albuquerque Silva foi ao CEF 410 Norte. Ao chegar na escola – entre 12h e 12h30 – segundo ele, encontrou uma funcionária. De acordo com áudio enviado a uma amiga, ele teria bebido um suco de uva oferecido pela colega. Em seguida, conforme a gravação, o ex-diretor começou a passar mal e foi levado ao Hran. Médicos analisam o quadro de saúde como grave e a mulher dele registrou ocorrência na 2ª DP, como tentativa de homicídio.
- 31 de janeiro
A esposa de Odailton voltou à delegacia para prestar depoimento e entregou uma bolsa térmica com gelo e as roupas usadas pelo marido no dia anterior. A mulher também mostrou os áudios enviados por Odailton a colegas.
- 1º e 2 de fevereiro
Odailton Charles continuou internado em estado grave no Hran. Policiais da 2ª DP colheram depoimentos de testemunhas e pediram que peritos do IML coletassem material biológico do professor para fazer exames toxicológicos.
- 3 de fevereiro
As amostras de sangue de Odailton Charles foram entregues pelo hospital ao Instituto Médico Legal (IML). Peritos começaram a examinar as roupas do educador e o material coletado.
- 4 de fevereiro
Por volta das 16h, Odailton Charles Albuquerque Silva morreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). O corpo foi encaminhado para necropsia.
- 5 de fevereiro
Peritos do IC foram ao CEF 410 Norte com o delegado responsável pelo caso. Os investigadores fizeram um croqui do local para tentar entender o que aconteceu no dia 30 de janeiro. Segundo a polícia, as câmeras de segurança da escola não estavam funcionando.
- 6 de fevereiro
Um áudio gravado por professor, no momento em que passava mal, foi divulgado. O corpo de Odailton foi enterrado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul de Brasília. No mesmo dia, um laudo da polícia apontou a presença de veneno de rato no corpo do professor. Segundo a perícia, a substância encontrada no vômito era chumbinho.
- 7 de fevereiro
Em novo áudio divulgado, o professor envenenado dizia que faria uma denúncia contra a Coordenação Regional de Ensino do Plano Piloto, por suspeita de desvio de recursos. No mesmo dia, a direção do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410 se manifestou pela primeira vez sobre a morte de Odailton. O colégio negou que algum servidor tenha oferecido qualquer líquido ao colega.
- 8 de fevereiro
A Polícia Civil aguardava o resultado dos exames que deverão indicar se o professor Odailton Charles Albuquerque Silva teve contato direto com o veneno de rato.
- 9 de fevereiro
A Secretaria de Educação informou que a prestação de contas do CEF 410 Norte "está em dia". Segundo a pasta, a escola apresentou os documentos de 2009 a 2018 e os mesmos foram aprovados. Ao G1, a secretaria informou que as contas de 2019 ainda não foram apresentadas, mas "estão dentro do prazo, que corre até o final de fevereiro".
- 10 de fevereiro
Uma semana após a morte do professor, o Centro de Ensino Fundamental (CEF) 410, da Asa Norte, retomou as aulas com apoio psicológico para alunos e funcionários.
FONTE: G1
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